terça-feira, setembro 13, 2011

.diretas já.

Ser solteira na cidade de São Paulo não é uma coisa fácil. Não é que faltem opções, pelo contrário - há uma enorme gama de machos soltos por aí nos inúmeros bares, baladas, restaurantes, e todos os outros tipos de casas de divertimento que a metrópole oferece. Também não vou culpá-los por não quererem nada da vida, tem muita gente que quer, só ainda não sabe muito bem o quê.


Na minha humilde opinião, como quase tudo que acontece atualmente, a culpa é do governo. Poderíamos, inclusive, juntar um batalhão de encalhadas, pintar nosso rostos e parar a Av. Paulista num manifesto das caras-pintadas por uma paquera segura.


É sério! Pense comigo, mulher. Você está no trânsito, linda e bela no seu carro envenenado. De repente ouve uma buzina, olha pro lado e vê um cara muito bem apessoado fazendo sinal com as mãos para que você abra o virdo manualmente. Ele parece ser bem gato. Você decide abrir mas é interrompida por um pensamente abrupto: Meu Deus, será que é paquera ou assalto? E resolve permanecer com as janelas fechadas. Ele insiste mostrando o celular para que você lhe passe seu número de telefone e talvez você até consigo fazê-lo sem abrir o vidro, mas e se for para te passar um trote mais tarde dizendo que sequestrou seu pai e vai cortar a orelha dele caso você não lhe deposite 5 mil reais nos próximos trintas minutos? Antes que possa se decidir, o farol abre e você o perde de vista.


Ou então, você está no metrô - linha verde que é melhor frequentada - e um gatinho de terno parece sorrir na sua direção. Você sorri de volta, fica tímida e vê que ele está se aproximando. Te dá aquele frio não barriga repentino, que não sentia há tempos. Seriam borboletas no seu estômago? Não, é medo. Será que ele está me seguindo? Mas continua lá, sentindo que deve dar uma chance ao acaso. Ele aproveita a multidão para pegar na sua mão... seria tão romântico se não te parecesse que ele está tentando roubar seu relógio.


Mude a situação. Você conheceu um cara que parece ser realmente interessante numa festa chata que sua amiga te convenceu a ir. Parece que ele salvou sua noite e sua vida amorosa do fracasso. O gato de oferece um drink, você está amando. Antes do primeiro gole, volta o diabinho: Ai, ai, ai será que tem um boa noite Cinderella nesse treco? Acaba dizendo que não bebe e muda de assunto. Ele diz que não está te ouvindo muito bem por causa da música alta e sugere uma conversa lá fora. Ué, ele está realmente interessado no que eu tenho para dizer ou é sequestro?


Diretas-já! Chega de insinuações e indiretas, homens do meu Brasil. Digam logo se querem tomar um café ou nossas carteiras e deixem a fila andar!

sexta-feira, agosto 26, 2011

.fazendo cocô em inglês.

Desculpem-me aqueles que não entendem nada de inglês, mas já aviso que grande parte deste post precisa ser escrito na língua do Tio Sam; ou da Vovó Elizabeth, para aqueles que tem uma quedinha pelo lado britânico da coisa.


Eu adoro trabalhar com estrangeiros por diversos motivos, mas posso dizer que o principal é a troca de informações e cultura que só a convivência multinacional pode nos oferecer. Pois bem.


Graças ao meu trabalho, estou vivendo uma relação profissional e emocional com uma chinesinha que enfrenta pela primeira - e no seu caso, única - gravidez, fora de seu país de origem. Tudo é muito diferente: In China we can't do that. In China I can't eat that. In China there is a special milk and I want it. Well, my dear, nós estamos no Brasil; no special milk e um montão de coisas que poderia usar a seu favor, se fosse allowed in China.


Estela, please help me to find a doctor - feito;

Estela, please call the laboratory to schedulle my exams - feito;

Estela, please take me to eat on Mc Donald's - facilmente feito;

Oh Estela, you are so kind... - bondade sua!


Pode parecer chato (tirando os big macs), mas eu juro que amo muito tudo isso - e não estou me referindo ao antigo slogan da rede. É incrível o que um simples telefonema pode fazer na vida de uma pessoa (e meia), e, principalmente, o quanto é gratificante ser parte disso.


E esta semana, meu amor pelo interculturalismo foi bravamente testado.

- Estela, what is a PPF examination?

- Humm... well, they will give you a pot and you have to poop on it.

- I have to whaaat?

- To poop, you know.. go to the toillet.

- No Estela, I don't understand!

- When you go to to the bathroom, you make liquid or solid things, right?

- Yes..

- So, you have to make the second one over an aliminum paper, grab a little with a kind of spoon, put in the pot, let in the refrigerator and take it to the laboratory the next morning, so they can analyse if everything is ok...

- Oh ok... I do it every morning when I wake up!

- Very good to know! So, just do it and take to the laboratory right after!

- Estela?

- Yes?

- Would you come with me?

- Of course!

- Oh thank you.. you help me so much! Let's go to Mc Donald's, I invite you!


Nem nos meus sonhos mais loucos eu poderia imaginar o dia em que teria que explicar a uma pessoa de nacionalidade totalmente diferente da minha, numa língua que não é a minha, nem a dela, como fazer cocô num potinho! E não foi só, expliquei também como fazer xixi, com tudo bem lavadinho e limpinho, e entregar o número um e o número dois nas mãos da enfermeira!


E talvez você esteja com nojo agora, enquanto eu vibro com as maluquices que a vida nos apresenta. Acho tudo isso tão... louco! No total bom sentido da coisa! O aprender, o ensinar, o conviver, o compreender, o facilitar, a troca, o transformar. Tudo que podemos fazer apenas em dois ou mais, nunca individualmente. Porque a vida nos quer juntos, um pros outros, outros pros uns - mesmo que isso signifique ajudar o próximo a defecar num potinho pela primeira vez em sua vida!